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CAPELA SÃO MIGUEL ARCANJO

PRESERVAÇÃO E O IMPACTO NO BAIRRO

       A presença da Capela sempre teve importância na região. Segundo Isabel Rodrigues de Morais, o bairro “cresceu em torno de um espaço e de uma construção tradicional, com uma somatória de valores dirigida para um lugar comum, a Capela de São Miguel Arcanjo.”¹ Para compreender sua relação com o entorno, é fundamental ter em mente que São Miguel é constituído majoritariamente de migrantes nordestinos, e que “os territórios da migração são híbridos, apesar de singularidades que lhes conferem certa identidade”, conforme destaca Odair Paiva.²  Nesse sentido, sua relação com o meio é complexa. O autor também aponta que ao “contrário da imigração italiana, espanhola, portuguesa e japonesa, cuja intensidade se circunscreve num espaço de tempo mais restrito, a entrada de nordestinos em São Paulo foi intensa durante mais de quatro décadas”.³ Com isso, muito do que se
constituiu ali tem ligação à cultura nordestina a fim de manter a identidade e o pertencimento desses indivíduos no território, como as casas do norte e as festas de forró. Dentre essa última, uma dessas festas de forró acontecia, inclusive, na própria praça onde a capela está inserida. Além disso, a Capela esteve sempre ao lado de reivindicações populares, que tinham impacto social para além do seu papel religioso.


       Neste sentido, a nova restauração feita a partir de 2006, criaria algumas tensões ao remodelar a Praça e retirar do seu espaço o lugar tradicional do forró. Mas a Praça, como se nota em um depoimento fornecido à pesquisa de Isabel Morais, era, e continua sendo um local de encontro, “sobretudo de namorados”, também em função de estar diante da estação de trem. Ela segue sendo uma referência do bairro e parte da memória dos que viveram por lá. Daí a importância de pensar sua preservação atrelada aos significados que a população local atribui à sua existência.


       Vale ressaltar que capela de São Miguel é o único exemplar existente de igreja alpendrada colonial do século XVII que restou em São Paulo. Depois da restauração, ela tornou-se um museu histórico que trata da história desde os primeiros aldeamentos na região até os dias de hoje. Pessoas de diversos lugares, interessadas pelo o que o local representa, podem visitar este patrimônio histórico. O acesso à Capela é facilitado pois há a estação de trem São Miguel Paulista, bem em frente Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, que foi inaugurada em 2013. As visitações não requerem agendamento e ocorrem aos sábados, das 10h às 12h e das 13h às 16h. O valor da entrada inteira é de R$ 4,00, e R$ 2,00 a meia
entrada para estudantes. A taxa é isenta para crianças de até 7 anos de idade, idosos a partir de 60 anos, professores e estudantes da rede pública, pessoas com deficiência, grupos pastorais e entidades assistenciais com identificação.⁴

Notas

¹ MORAIS, Isabel Rodrigues de. SÃO MIGUEL PAULISTA – CAPELA DE SÃO MIGUEL ARCANJO - interfaces das memórias do patrimônio cultural. Dissertação de Mestrado em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. São Paulo, 2007, p. 125.

² PAIVA, Odair da C.Territórios da migração na cidade de São Paulo: entre a afirmação e negação da condiçãomigrante. Idéias, 2(1), 2011, p. 17.

³ Idem, p. 22.

⁴ < http://capeladesaomiguel.org.br/o-museu/>

Bibliografia


MORAIS, Isabel Rodrigues de. SÃO MIGUEL PAULISTA – CAPELA DE SÃO MIGUEL
ARCANJO – interfaces das memórias do patrimônio cultural. Dissertação de Mestrado em
História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. São Paulo,
2007. 
SANTOS, Eduardo. São Paulo e São Miguel: dois lados de uma história. In: SANTOS,
Eduardo (org). Capela de São Miguel: restauro, fé, sustentabilidade. São Paulo: ACBJA –
Associação Cultural Beato José de Anchieta, 2010, p. 15-56.
PAIVA, Odair da C. Territórios da migração na cidade de São Paulo: entre a afirmação e
negação da condição migrante. Idéias, 2(1), 2011, p. 13-30.
O museu. Disponível em: http://capeladesaomiguel.org.br/o-museu/ acessado em 23 de
dezembro de 2019, às 15:50.

Textos de Giovana Emanuele Silva; Marcela Dias de Sousa; Beatriz Boldrini de Lima; Fabiane Silva Peruzzo; Bruno Chebel Klein Pricinato.

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