CAPELA SÃO MIGUEL ARCANJO
REFORMA PROMOVIDA POR LUÍS SAIA
A Capela de São Miguel Paulista, fundada no século XVI, passou por um importante restauro entre os anos de 1939 a 1941. Essa restauração foi pensada com a ajuda do Convento de Embu e pelo arquiteto Luís Saia (Imagem 01). Segundo Cristiane Gonçalves, Mário de Andrade considerava a capela uma relíquia histórica do Estado e a ideia era restaurar “qualquer igreja que possuísse valor histórico”.¹ Para essa restauração foi necessário o levantamento de fontes documentais com o intuito de avaliar o que já havia sido realizado na Capela e o que poderia ser feito, tornando o trabalho um pouco mais dificultoso, levando em conta a escassez do inventário da capela.
Imagem 01: Croquis feitos por Luís Saia (exposição existente na Capela)
Foto de Giovana Guedes Almeida
A reforma recebeu a atenção do SPHAN que tinha como projeto restaurar e conservar o patrimônio cultural e religioso. Os conceitos técnicos de restauração aplicados na reforma foram pautados por elementos que tinham por intenção “recuperar a suposta feição primitiva do monumento”.² Nesse sentido, buscava-se arquitetonicamente e mesmo historicamente valorizar a capela. A reforma tratou da nave da igreja, do forro de madeira, dos tijolos do piso, das pinturas nos altares que ficaram sob responsabilidade de Gonçalves Rebollo, entre outras alterações. (Imagem 02)
Imagem 02: Imagens da Capela durante a restauração (exposição existente na Capela)
Foto de Giovana Guedes Almeida.
A restauração da Capela foi e é de extrema importância histórica por diversos motivos. Primeiramente por conta da história que narra sobre São Paulo nos séculos XVII e XVIII, trazendo detalhes sobre a chegada dos jesuítas ao local e sobre o processo de aldeamento. Paralelo a isso, fornece ainda informações significativas sobre como ocorria a construção na época colonial, por exemplo: as telhas utilizadas eram feitas “nas coxas” pelos índios, processo conhecido da época.
Além disso, a restauração da capela é um exemplo da importância de se preservar um patrimônio histórico, pois foi um dos primeiros bens a ter seu valor patrimonial reconhecido e tombado pelo SPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O motivo foi dado, à época, por Mário de Andrade:
Notas
¹ GONÇALVES, Cristiane S. Restauração Arquitetônica: A experiência arquitetônica do Sphan em SãoPaulo, 1937-1975. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2007, p.67.
² Idem, p. 69.
³ GONÇALVES, Cristiane; 2007, p. 72 Apud ANDRADE, 1981, p. 80.
Bibliografia
GONÇALVES, Cristiane S. Restauração Arquitetônica: A experiência arquitetônica do
Sphan em São Paulo, 1937-1975. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2007.
SANTOS, Eduardo; POMPEI, Alessandro; LUCIA, Juliani; MORAES, Julio. Capela de São
Miguel: Restauro, Fé, Sustentabilidade. São Paulo. 2010.
Textos de Giovana Guedes Almeida, Sarah Bauer Hannes, Stefani de Jesus Oliveira,
Thainara Marques Souza de Oliveira.
Não é possível esperar de S. Paulo grande coisa com valor artístico tradicional. As condições históricas e econômicas deste meu Estado, acontínua evasão de Paulistas empreendedores para outras partes do Brasil nos séculos XVII e XVIII, o vertiginoso progresso ocasionado pelo café, são as causas principais da nossa miséria artística tradicional.³